No post comunitário anterior, vimos que a internet é um verdadeiro cupido. Então a Micha sugeriu para o post de hoje uma seqüência do tema: Você já viveu um amor via internet?
Vou contar então a minha história, que aconteceu há muito, muito tempo. Depois houve outras situações parecidas mas essa, a primeira, foi a mais intensa.
Em março de 1999, eu assinava uma lista de e-mail, ou listserve. Certo dia uma moça escreveu para lá querendo conversar com alguém sobre um tema: sexo. Sim, era uma lista sobre sexo. E eu respondi de modo respeitoso, querendo saber as visões dela sobre o assunto e querendo conhecê-la melhor.
Vou chamá-la de Carla, que é o pseudônimo que ela usava nos primeiros e-mails. Ela era de João Pessoa (aqui uma pequeníssima decepção), jornalista, assessora de imprensa de uma secretaria de estado. Um ano e meio mais velha. Eu conheci pouquíssimas mulheres que admitiam fazer sexo sem estarem apaixonadas, e a Carla era uma delas. Depois dessa confiança inicial, também contei o que pensava.
Aí o envolvimento foi ficando cada vez maior, com e-mails diários, cartões, etc. (As mentes poluídas pelaí devem estar pensando, que por causa do assunto inicial… mas não rolou nada de baixaria!!!!). Ela me elogiando pela sensibilidade e sinceridade, eu a elogiando por sua determinação e coragem diante do que a vida nos atira.
Até que, certo dia, chegaram dois e-mails da Carla. Um, com um número de telefone. O outro trazia uma frase: “João, é estranho dizer isso de tão longe, mas acho que estou gostando de você. Quero ouvir sua voz.” E outro número. Mas havia um obstáculo, eu não tinha telefone em casa, desde que me mudei. Só poderia usar o telefone da minha irmã, que mora na mesma rua. Eu contei essa situação e ela ficou uma arara… bastante desconfiada.
Dias depois minha irmã que uma tal Carla da Paraíba tinha ligado, e que tinha feito umas perguntas, inclusive se eu era casado. Enfim veio o alívio. Liguei para ela e rimos muito da situação. As ligações seguiram o ritmo de uma por semana, sempre com hora e tempo mais ou menos marcados, por motivos óbvios. Essa relação, que posso chamar mesmo de “namoro virtual”, foi ficando tão séria que um dia Carla me mandou um texto sobre o Dia das Mães, que ela queria publicar em um jornalzinho de bairro, e pediu minha opinião sincera. Era bonzinho o texto, e acabou que foi publicado.
Tudo lindo. Até o dia da partida. Quem partiu, deste mundo, foi o pai dela. Ele tinha duas famílias: separou-se da mãe de Carla (que tinha mais dois irmãos) e casou-se de novo. Teve outros filhos, na época ainda crianças. Carla era a única do “outro lado” que falava com a segunda família do pai. E esse era o clima na partilha dos bens. Ela disse que teria que se afastar de mim e da internet, para poder cuidar desse caso.
E por que nunca nos encontramos, apesar de desejarmos muito? Eu estava com problemas de dinheiro muito sérios. Ela também.
No final do ano, eu já tinha o meu telefone, conexão internet em casa e uma situação monetária um pouquinho melhor… mas ela estava com outro. Pelo menos estava feliz. E muito ocupada ainda.
Enfim, o que concluo é que o problema não foi a distância em si, mas outros fatores. A própria Carla disse que a distância era “uma aliada”, e que se abrir para alguém que estava neutro parecia melhor. Enfim… a internet não é o único meio para encontrarmos amores e emoções, é apenas mais um. Mas com esse, conhecemos gente que dificilmente conheceríamos pelos outros meios. Recebo todo os dias visitas nos meus blogs, no Orkut, MSN, etc. de gente de todo o país e até do exterior. Desse contato, pode surgir sim algo profundo. Mas como disse o Ina, “os bits e os bytes jamais substituirão o prazer de um encontro ao vivo”.
(post comunitário, veja no blog da Micha quem mais está participando)
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