Como e porque são eleitos os deputados e vereadores há anos, mesmo que seu eleitorado diminua…
BAGRINHOS E TUBARÕES
Prof. Epaphras Medeiros Gonçalves
É um fato notório que a maioria dos eleitores e mesmo muitos dos candidatos nas eleições proporcionais (vereador e deputados) não sabem porque muitos partidos apresentam nomes completamente sem expressão e sem nenhuma chance de ganhar as eleições. Na linguagem vulgar dos tubarões da política tais candidatos são os bagrinhos, ou seja candidatos que não terão nenhuma chance, mas na sua ingenuidade ajudarão o partido a compor o QUOCIENTE ELEITORAL e REELEGER os políticos profissionais.
Afinal de contas, perguntarão os leitores menos avisados, o que é essa coisa chamada quociente eleitoral?
QUOCIENTE ELEITORAL é o grande bicho papão dos grandes tubarões da política, principalmente nas pequenas cidades; vamos esclarecer: Numa cidade com 75 mil eleitores e com 17 vagas na câmara municipal, cada partido precisará de 4412 (75 mil dividido por 17) votos para eleger um vereador.
Sim, porque quando o eleitor vota em um vereador ou deputado ELE ESTÁ VOTANDO PRIMEIRAMENTE NO PARTIDO DESSE VEREADOR, pois o numero do candidato é como um numero de telefone, ou seja os dois primeiros números são do partido e os números seguintes são do candidato por exemplo: quem votar no número 56222 estará votando primariamente no PRONA e secundariamente no candidato 222, do PRONA, da mesma forma quem votar no numero 16222 estará votando primariamente no PSTU e secundariamente no candidato 222 do PSTU. Dessa forma o eleitor pensa que esta votando no JOÃO e acabará elegendo o JOAQUIM.
Como assim? Simples o partido precisa conseguir os 4412 votos para eleger um vereador e elegerá o candidato mais votado do partido e é ai que entra a malandragem dos tubarões na escolha dos bagrinhos.
Os políticos profissionais procuram montar um partido – no Brasil existem muitos – e nesse partido colocam a sua candidatura e a de mais 20 bagrinhos, os quais iludidos pela possibilidade de ser candidatos ficam eufóricos e saem pela vizinhança e visitando os parentes à cata de votos.
Se um cidadão, numa cidade como a do exemplo, tiver condições de alcançar 600 votos ele não conseguira legenda para se candidatar, pois pode ameaçar o tubarão do partido, mas qualquer candidato que possa puxar entre 20 a 200 votos é sempre bem recebido; Acompanhem o raciocínio: O tubarão já tem um retrospecto de 800 votos cativos ou mais, se ele consegue 20 bagrinhos com 200 votos cada, o partido terá o QUOCIENTE ELEITORAL garantido, 4800 votos, mas quem vai ser eleito? Será eleito o tubarão que já tem 800 votos.
É dessa forma que o eleitor vota no João e acaba elegendo o Joaquim.
Detalhe: os “bagrinhos” nem sempre são inocentes úteis, eles sabem muito bem que estão lá só para somar votinhos. Alguns são PAGOS para isso, outros negociam empregos ou vantagens depois com o deputado/vereador que será eleito. E alguns deles eventualmente acabam herdando uma vaga. Afinal 4 anos é muito tempo, de repente o partido se dá tão bem que os deputados mais votados arrumam bico em secretarias de estado, ministérios, etc., e sobra pra eles.
(postado originalmente em 20 de maio de 2002)
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